Historiadores relembram que em 1850 já se registravam mortes por febre amarela. Há mais de cem anos, a gripe espanhola ancorou no território brasileiro. Não tão remotamente, nos lembram da poliomielite e, posteriormente, a meningite. E, na história mais recente deste país, a Aids – principal desafio para o Sistema Único de Saúde; a dengue, chikungunya e zika, transmitidas por mosquito.
Mas, a verdade é que vivemos algo inédito com a chegada da “Sars-CoV2” ou “coronavírus”, como é popularmente conhecido. Especialmente, se levarmos em consideração o distanciamento social e a presença de “termos”, dificilmente de amplo conhecimento antes da população (na qual me incluo), tais como “lockdown”; “isolamento vertical e horizontal”; “OMS”; e “N-95”.
Outra palavra se destacou em meio a expectativa existente sobre um “medicamento” ou “vacina” para o tratamento dos sintomas e/ou cura do vírus; a importação e comercialização de “máscaras” para se evitar o contágio; e a corrida aos estabelecimentos comerciais pelo “álcool em gel”.
Na verdade, uma sigla: “Anvisa”.
Seu “nome completo” – para quem ainda não a conhece – é Agência Nacional de Vigilância Sanitária e se trata de uma das maiores agências reguladoras da América Latina e, possivelmente, do mundo. Se considerarmos todos os produtos e serviços por ela regulados, então, se pode dizer que ela é uma gigante. Ou, no mínimo, que ela possui a maior missão de todas.
A título de contextualização, diferentemente dos órgãos reguladores ao redor do globo, a Anvisa pode ser considerada atípica (“sui generis” para os mais exigentes). Nenhum outro órgão acumula tantas funções e mercados. Para cada um destes costuma-se ter um agente regulador. Não é o caso brasileiro…
A missão da Anvisa é (pasmem, “só”) proteger e promover a saúde da população brasileira. Para fazer isto, ela trata (“SÓ”) de agrotóxicos, alimentos, cosméticos, medicamentos, produtos para saúde, saneantes, tabaco, serviços de saúde e outros!
Quer dizer, desde o relógio no seu pulso que é capaz de fazer um eletrocardiograma; a escova de dentes que você utiliza; o batom que você passa; o cigarro que o seu vizinho fuma na janela; o sangue que você doa (ou deveria); o certificado de vacinação para as suas viagens; o produto importado para a pele; aquela farmácia de manipulação onde você pede aquela Vitamina D que o médico receitou; até a segurança da sua alimentação – por mais que você fuja da dieta – tem uma interferência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A Anvisa faz parte da sua vida. É uma guardiã da sua saúde. E ela é formada por pessoas, como eu e você.
Todos os dias, seus servidores – em número bastante reduzido, diga-se de passagem – se debruçam sobre a técnica, a ciência e os dados produzidos pelos mais diferentes entes produtivos para garantir que você tenha acesso a algo seguro, de qualidade e eficaz. Injustamente são rotulados pela mídia ou taxados por quem não conhece o serviço que prestam como “burocratas”. Outros, ainda, por mero desconhecimento, defendem a “extinção” da própria Agência.
Eu não posso falar por ninguém, só por mim. Mas, como “coadjuvante” – momentâneo, por sinal – desta história de 21 anos de Anvisa, não poderia deixar de registrar meu testemunho.
Não poderia deixar de dizer que o esforço que tem sido realizado, principalmente neste momento de medo e incerteza decorrente da pandemia, é indescritível. Que não existe “pausa”. Que as reuniões ocorrem durante todo o dia (e noite). Que os finais de semana não interrompem os trabalhos. Que o “home” e o “office” se confundiram, mesmo. Que existe empatia e senso de urgência. Que existe uma dedicação constante em prol do bem comum. Que todos perseguem o mesmo objetivo. Que todos querem garantir o melhor para suas famílias e para as nossas. Que o mais importante é a saúde, logo, a própria vida!
Tenham certeza de que quando as “cortinas” do palco se encerram, o show não termina…
Aqui fica meu agradecimento, enquanto cidadão, aos servidores da Anvisa. E estendo minha gratidão a todos os profissionais, da saúde ou não, envolvidos na prevenção, no controle, no tratamento e no combate desta pandemia. Obrigado!
Autor: Pablo Meneghel
Originalmente publicado no Portal Contexto.